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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Portugal dos pequeninos - A mãozinha do longo e teso braço do estado solidário Ep1

O tema é: tabu para muitos, incómodo para alguns e dorido para os restantes.
Eu faço parte dos restantes, claro.

Mas dorido porquê? Porquê? Bem, se não sabe, então faz parte decerto de um dos 2 primeiros grupos.
1. É politico, ou já foi e acha que: bem o melhor é não falar nisso, afinal vivemos num apelidado 'estado social', pelo que o sistema tem que estar equilibrado (uns contribuem e outros agradecem, ou TeamWork - uns team e os outros work);
2. Vive envergonhadamente ou não, do longo e teso braço social do estado, mesmo sem que a isso seja formalmente ou socialmente sujeito OU faz parte desse eficente, eficaz e extenso grupo de funcionários públicos que constituem a base da criação de riqueza deste País.     
  
Sou o que se chama um bafejado pela sorte. Tenho emprego, logo estou fora dos 11% oficiais das estatísticas. Calma, para os que estão a começar a soprar, já lá vamos ao tema «Desemprego Voluntário ou coercivo». Considero o meu rendimento, razoável para o nível de vida da economia Portuguesa.

Ora vamos lá tirar umas conclusões. A empresa em que eu trabalho, faz questão de pagar todos os impostos, talvez porque, tratando-se de uma multinacional, a furtar-se a algum, teria o braço social imediatamente a inspecionar e multar alarvemente a bem do equilibrio do sistema...
Logo, salários, prémios de produtividade, horas extraordinárias ou qq outros rendimentos, são inapelávelmente taxados: 11% para a SS e IRS á taxa em vigor no meu caso 23%.

Do que eu produzo, 34% - Sensivelmente um terço, é imediatamente arrecadado pela «mãozinha do longo e teso braço do estado solidário». A referida mão, deveria ser suave mas de toque firme, já que a mesma é usada em movimentos cíclicos regulares (mensais) para me aliviar. Ao invés é brutal e totalmente asquerosa, pelo que esta forçada masturbante violação mensal, deixa-me naturalmente dorido.

Ah, dirão os defensores desse tipo de sensações mais violentas: mas ainda ficas com 66% só para ti, Guloso! Pois é, sou um bafejado pela sorte.  

30% dos 66% disponíveis, e agradeço que atentem na palavra 'disponíveis', vão direitinhos para a CGD que de forma muito amável e compreensiva me permite viver com a família num apartamento de 100mt2, desde que vá pagando a respectiva prestação da hipoteca.

Pequena divagação
Como acontece com a minha entidade patronal. a CGD também não é exemplo na fuga aos impostos, até porque um dos últimos directores empreendedores que por lá passou (ia dizer subiu de 'caixa' a director, mas o termo correcto é trepou ajudado pelo «longo e teso braço do estado solidário») foi para a banca privada onde aí sim, pode usar e abusar dos vastos conhecimentos do referido braço para se orientar sem fazer uma sucata por aí além. Pelo caminho até fez uns ganchos de guia-turistico, indicando a quem mais precisasse e pudesse pagar, onde se encontram em lisboa as maiores empresas, ou as mais eléctricas. Trata-se do conhecido caso de alguém que 'viu a Luz'.

Divagações á parte, a CGD também entrega os impostos que retêm dos meus pagamentos e juros ao Estado, claro.

Onde é que íamos?  36% disponíveis.
Como? Ainda só dei para 2 causas e já me limpáram 2 terços do que produzi?
A partir daqui, como vai ser só gastar em serviços e produtos, 21% ou seja 7,56% mais pêlo, menos pêlo, são recolhidos pela «mãozinha do longo e teso braço do estado solidário».

Tenho 3 filhos. 1 deles entrou prá faculdade este ano. Entre propinas, fotocópias (livros? quais livros, imprime a sebentas e já gozas) alimentação na escola e transportes, o investimento a 'fundo-perdido' sem garantias de futuro, cifra-se em 6% do meu rendimento.
Já que estou a falar nisto, aproveito para acrescentar 6% também para mim. Sim, depois de alguns anos, percebi que aquilo que o meu pai poupou quando decidimos que eu ficaria pelo secundário, cabia-me agora a mim investir numa licenciatura. As despesas de Educação superior deduzem portanto 12%.

A mais pequena está num infantário privado. Como a minha 'repartição' começa a operar ás 7AM, e isso das 8h de produção diária é para quem pode e não para quem quer, aproveitamos um dois-em-um e decidimos: os anos iniciais são muito importantes para o desenvolvimento, blábláblá pelo que mais uma pequena contribuição de 6% é bem gasto. 

Sonae, Galp, Fidelidade e um ou outro estabelecimento de restauração ou outro retalhista, devoram-me o restante. 

Impostos Directos sem espinhas: 41,56% QUARENTA E UM VIRGULA CINQUENTA E SEIS.
Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii dói, não dói? Aguenta e não grita!



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