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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O prazer e o extâse proporcionado pelas magnificas contrapartidas do estado solidário

Ora cá está, escrever pode ser um acto voluntário, como é caso, ou não. Este projecto bloguista ou blogueiro, tolerem-me a cunhagem forçada, não me transformará decerto num escravo do tempo, mas tampouco me permitirá uma ausência demasiado prolongada.

Não porque eu ache verdadeiramente, que haja alguém muito interessado em ler os devaneios que o teclado cumplicemente me permite, antes creio mesmo que os que aqui vêm 'ao engano' se entretém principalmente com o aquário dos peixinhos (sim é verdade, se os alimentarem com o rato, a peixarada toda dessa aquacultura aí ao lado reage) ou com o jogo do galo no final da página - claro que se jogarem sozinhos: ou são inteligentes e ganham sempre, ou jogam com a esquerda, como diria um velho amigo: até parece que nem são vocês que estão a jogar...

Um dia destes um colega, foi até bem mais longe, e até se deu ao trabalho de escrever um daqueles prólogos que servem de ilíade introdutória a manuscritos sofríveis, com o propósito de publicitar junto da sua 'cadeia da amizade´, estas pouco inocentes, irónicas e irreverentes prosas de desabafo, claro que prudentemente alertando para a falta de coloquialismo do autor, nessa realidade virtual conhecida como 'caralhivro' desculpem 'caralivro' ou antes mais conhecido em estrangeiro do bom: «Facebook».


Desmistificadas que estão as intenções, voltemos a colocar então a mão na fruta.

Escrevia e descrevia eu, enquanto o Trichet ainda acariciava o botão sem lhe mexer á séria como alguns já sentiram entretanto, a forma como em Portugal o longo e teso braço do estado solidário introduzia quer á bruta e descaradamente, quer sub-repticiamente, a mãozinha gulosa e marota em ambos os bolsos interiores dos contribuintes que trabalham por conta de outrem conhecidos também por: ‘os bafejados pela sorte de ainda terem emprego em Portugal’.

Concluí, após ½ dúzia de cálculos básicos, daqueles que até a antiga quarta classe permitia elaborar, que aproximadamente 40% do rendimento mensal é retido como se á porta desta grande feira-popular nos encontrássemos.

Está bem, mas 40% de impostos directos não é muito. Ele há Países onde a percentagem ainda é muito maior, dizem os defensores deste modelo, seja porque não sentem a dita mãozita, ou porque apenas dele beneficiam. Pois é, mas isso é que me faz precisamente lembrar a antiga feira-popular ainda antes destas negociatas entre a Bragaparques e a CML, disparatadamente anuladas agora por um insensível tribunal mais preocupado com o interesse publico do que com as capacidades empreendedoras de alguns empresários inescrupolosos da nossa praça.

Antigamente, pagava-se á entrada. Lá dentro, se queríamos degustar um típico frango ou sardinhas assadas, claro que também pagávamos. Poço da morte, Comboio fantasma, Casa dos espelhos, Polvo giratório, Montanha Russa ou uma nostálgica fartura acompanhada de um keipe com ananás, exigiam claro pagamentos adicionais. Até havia uma vaca, de onde para alguns saía um tinto que não era de graça mas que tinha muita graça.

Ora é exactamente a mesma coisa. 40% á entrada. Cá dentro quer andar numa estrada em condições? Claro pague á Brisa. Vai pró Allgarve? Gasta 15€ em gasóleo e 20 em portagens. Isto para lá, e outro tanto quando e se quiser voltar, isto claro se não for mais esperto que eles.

E se tiver um acidente? Bom pode ir parar a um hospital público (conduzido por bombeiros voluntários a quem o tal estado social deve milhares de € só em comparticipações de despesas de combustível) mas devido á falta de camas, ou está mesmo ligado a uma daquelas máquinas de suporte avançado de vida, ou depressa lhe entregam a alta para recuperar no aconchego do lar. Ahhh, mas precisava de uma operação? Claro, claro, é imediatamente colocado numa fila com aproximadamente 4 meses de espera. Os pensos? Olhe vá ao Centro de saúde da sua área de residência e já está. Já está? Sim, mas já sabe que os pensos são ás 3ªs, 5ªs e sábados das 10 ás 11h15. Para marcar, deve vir prá fila a partir das 7h da manhã… ahhhh! E a baixa? A baixa tem que ir ao seu médico de família. Mas e se eu não tiver médico de família? Bem então, ás 2ªs no mesmo Centro de Saúde das 17h ás 18h05, o Dr. Osborne – contratado a prazo Espanhol, atende e passa baixas, receitas e credenciais. Mas tem que vir para aqui ás 6h30 da manhã…

Alternativamente, tem um seguro de saúde, pago pelo seu bolso ou regalia fruto do facto da tal sorte de ainda ter emprego, e vai a uma das dezenas de unidades de saúde privadas de Norte a sul do Pais, para onde debandaram mais de 900 médicos que faziam parte do SNS. Claro que os mais experientes – leia-se os que já estão a menos de 2 anos de reforma ficaram para garantir os serviços mínimos e as respectivas horas extraordinárias á noite e FDS, que lhe possam proporcionar os descontos para a reformazita dourada. Paga, é atendido e se não gostar reclama e porque é CLIENTE e não UTENTE.

Se viver nas zonas raianas, e a sua esposa estiver gravida: prepare-se para receber o filho na ambulância do INEM, fica logo sócio honorário vitalicio dos bombeiros, ou para ir a Espanha que está aí geográficamente mesmo a jeito. 'No habla? Qé? No pasa nada. Se a ti te gusta ya mi me encanta'.

Mas a escola é grátis!!! Pfffffff LOLOLOL Se diz isso, ou vive do SASE ou não tem filhos. Sim, mas temos um ensino que 'em principio' é de qualidade. Digo em principio, porque os Professores recusam-se terminantemente, como o diabo foge do madeiro, a serem sujeitos a avaliações - isso é que era bom, pelo que apenas podemos concluir que este país não fornece ás suas crianças uma alimentação rica em proteínas, o que é definitivamente a principal factor para o elevado insucesso espelhado nas estatísticas.

Aliás as escolas que estão no top das estatísticas do sucesso, estão pejadas de professores frustrados, que não conseguiram colocações em nenhum ramo profissional da sua apetência, sujeitos a horários minimos de 40H. A chave do seu sucesso está estudada e documentada: fornecem ao almoço os bifes de melhor qualidade disponíveis - Só carne Nacional 'Mirandesa'.
(É mais ou menos a cópia do modelo nórdico, mas sem os bifes)

Conhecida que foi esta semana a avaliação dos Juízes Portugueses: 98% teve Bom ou Muito Bom, leva-me evidentemente igualmente a concluir que temos um dos melhores sistemas judiciais da Europa e arredores. Aliás o tema serviços públicos é-me tão gratificante que me obrigará, tarde ou cedo a postar deliciosa e lascivamente sobre o mesmo.


Pagamos em adiantado, á entrada e depois ainda pagamos para andar nos carroceis!

Bom mas não termino aqui sem uma justa ressalva:

O longo e teso estado solidário gosta de conduzir. Foi tornada publica a decisão de gastar 1.000.000€ em BMWs para renovação da frota da Assembleia da Republica. Afinal nem tudo é mau: pelo menos parte dos 40% serviram uma causa nobre: conduzir de forma digna os mais altos dignatários do estado.

Se podiam ter comprado VW Passat, Audi A4, A6 ou mesmo Toyotas e poupado 30% ou 40%?

Quer dizer, poder podiam, mas como diz o outro: Mas não era a mesma coisa…

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